14 agosto 2008

Os endereços do mal



De vez em quando, o mal nos comunica um novo endereço. O mais recente fica na Geórgia, uma ex-república soviética, país espremido entre o mar Negro e as montanhas do Cáucaso.
Não me interessa aqui compreender os motivos políticos que levaram a Rússia a invadir este pedaço de terra um pouco maior do que a Paraíba. É muito difícil saber quem tem razão. Tudo o que sei é que o último conflito entre a Rússia e a Geórgia começou na última sexta-feira quando tropas russas entraram na região separatista da Ossétia do Sul, que havia sido atacada por forças georgianas. A Geórgia, por sua vez alega que os separatistas estavam atacando povoados georgianos. A Rússia então mandou seus tanques para defender tropas de paz e cidadãos russos que vivem na ex-república soviética.
De nada vale entender os motivos do mal. Não há nada que justifique os seus efeitos. Insisto em não acostumar meus olhos ao cenário que banalmente se repete nos noticiários. Velhos e crianças vasculhando o que sobrou sob os escombros de suas casas. Multidões de rostos atônitos sem saber que direção tomar. Super-homens arrombando portas frágeis com as botas e atirando a esmo no escuro das salas vazias. Declarações vazias dos poderosos que alimentam seu poder com a chacina. Hienas de paletó e gravata.
São muitos os endereços do mal. E muitos deles não ficam tão longe como a Geórgia, o Quênia ou o Iraque. Muitas vezes o mal é nosso vizinho. Algumas vezes mora em nossa casa. E o seu endereço mais certo é dentro de cada um de nós. O mal está sempre presente no intervalo entre mim e o estranho a quem não consigo acolher. Quando decreto a extinção ou o degredo desse estranho, por não aceitar a sua diferença.
Imagem obtida em O Globo Online

Um comentário:

Juliêta Barbosa disse...

Ronaldo,

Talvez seja um raciocínio simplório, mas acredito que nascemos como uma folha de papel em branco, onde será escrita a nossa história. Se pautarmos a nossa vida pela máxima: ‘fazer ao outro aquilo que gostaríamos que fizessem conosco’, (...) a humanidade dará um outro sentido ao curso da sua história.